segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quero ser Hollywood.

já não mais vinga meu sarcasmo
Pois que distante ele cinge ainda mais, aperta e
Vira ranço de caju na goela
Vira na tela
Um drama mal interpretado

Quero ser escrito por um Kaufman
E dirigido por um Jonze
Ter a vida em ficção
E inventar o meu destino
Virar DVD
Nas telas de plasma
E plasmar meu sarcasmo
Que depois será pirateado e comercializado a 1 real.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

fenêtre

É um quadro.
Pela fresta dele, passeiam carros
São todos quase cinzas
A cidade hoje está cor de cinza.

É um quadro real, vivo.
Um moderno símbolo da lusíssima morbidez

O novo já envelheceu pra manter a apatia
E está de parabéns
A cada dia sente-se menos a alegria

Estou estudando a bossa
E vejo no quadro cinza, entre cortinas
Um mar que me inspire a cantá-la
Porque toda bossa, velha ou nova
Precisa do mar pra se enquadrar

Os carros cor de cinza são ondas
O barulho dos motores são a fala do mar
O pouco verde lá do alto da tela são os morros

Já posso me sentir o próprio criador.
Esse mundo cinza e multicolor é meu.
Ele não existe,assim como eu.

Um nove zero.

Coração assim de mim que sai em som de samba e tamborim
Salto solto,livre e sorridente
São todos dentes de amarelo-manga-alegre
São todos lentes de olhos vivos cor brasil
Quem nunca viu?

Chispa no batuque
Batuque de nós
Siga o sonido sonante do samba,meu bem
Meu Jorge,meu são
Meu São Jorge Ben

Somos do pa-tropi
de um passado tupi
de verde mais verde amazon
e amarelo bourbon

Somos todos verdes de sangue-mata e floresta
E branco de luto manchado
estrelas brilhando desordem no azul-progresso desnivelado

Somos um...

...Um nove zero

de milhões e milhões

a pulsar


"brazil, capital buenos aires."



© Todos os direitos reservados.

Olhos dela.

E olhos dela?
Lindos e mórbidos...
E por isso insisto no olhar
E encaro os olhos como se fossem dois faróis
A acender a minha pouca fé
A me tirar da ré
E me pôr em marcha.

Avante!
Adiante!

Um pé no mundo
E outro no fundo
Do poço
Daqueles olhos...

Tão nítidos
Tão próximos
Tão próprios

Quero um par destes para viagem.
quero parte dessa morbidez insensata
quero a marca do vazio
tatuada no meu olhar.

Coimbra,junho de 2011.

© Todos os direitos reservados.

terça-feira, 14 de junho de 2011

To flirt

Já não mais cogito ter os teus...
pois que dos meus,sorte mal posta
foi-se a partida
sumiram-se.

Fiz-me sorriso e plena corte
- faire a la cort -
mas desenhei em pressa
o beijo e o desejo

empoeirou-se antes do fato
tudo agora é fado
é tristeza...
é mais nada.

Nasce por hora o romântico
e incompreendido
que vai doer ao lápis e ao papel
chorar as linhas
num derramar de lágrima
em tinta preta.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

J'ai tué la nuit.

O tempo me passa
Sobre esta altura da noite
Cá na mente um açoite
De carmas e comas
De dramas e Romas a queimar

E mais vontade do mar

Pois que já eu rio
Ao pé do frio
Vislumbro na calma uma onda
Espumosa e perolada
Como um colar...

Como um olhar...

Mastigo bem
E regurgito um ciúme qualquer
Andei mil mundos a pé
Buscando a cor do teu brilho

Forjo nos trilhos
O caminho das marés...

O caminho dos bacantes
dos que pescam
dos que passam...
dos que passeiam...

O rio parece dividir
O mar condecora e de tão imenso
Colabora
Revigora o que te passo...
Cria um rude laço
De rancor e atenção

E termina triste
Porque a noite é
Silenciosa e fria
E fria
Como o silêncio.

Todos os direitos reservados.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Da reação...

Verso da reação
Reverso meu que os olhos ouvem
Fecho-os num tal transe
E a canção me leva
Num sopro de trombone
Ao revés do universo
Decido assim
Correr ao vasto
Laçar o invisível
E partir...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Noturno I

Qual monte de coisas
Que em nada me vejo
Nesta morta madrugada
Segue tão ela, calada
em 4 horas de plena noite e quase manhã

A raiar somente
Em qual das mentes orbitará?

Pelo cuspir dos versos
Vendo o esculpir do tempo
Tão parvo e lento
Já me incorporo

Trava-se a batalha...
Que da porta em trava segura
Nada escapará

De mim
Se escapam nas insônias
As coisas do mundo
Serve-se em taças
Cujo o gole,
Transporta um sabor exótico
Ferve, reflete e flui.

*Coimbra,26 de janeiro de 2011.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Por um acaso dum verso destoado do predileto poeta meu.

curti mil horas de tédio e chuva lá fora e não estudei o que deveria
o clássico me entristece em se tratando de gregos...
melhor surtar um som dos mais antigos contemporâneos
e relembrar da South America dos meus delírios
viver pelo ócio queria eu um dia poder
antes de me pôr a crer no mesmo que toda a gente cafona
vem a tona meu súbito ar inspiratório de querer escrever e salvar meu inferno austral
meridiono e aponto pro oco do vazio do fim do mundo
finalizo
e durmo sem querer dormir.

Sal

O sal
Da lágrima que percorre a face
Goteja no atlântico
E vira rebuliços de ondas

Sentes a brisa que vem do mar?
Ouves o som?

São meus efeitos das terras de cá
Em revolta de querer estar onde estão todos os amores
Melhores e possíveis!