sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Só isto.

Meu discurso
Meu culto ao deus-ninguém
Aquém dos meus...
Dos teus além

Desmorono...

Queria escrever algum coisa
Bem bonita...
Mas só me veio à mente...isto,
Só isto.

Danilo Cândido.2007.

O Cd voador




Meu ar nesta noite quase...
É um ar de “meu futuro não me pertence”
N’ouvido canção...
Cabeça e mão...pensando...

Queria ler o mundo duma vez só
E entender tudo sabe...?
Sem mais delongas...
Sem pró nem contra...

N’tão dê-me a conta
Do bar...do lar
Água-luz-telefone
Do ar...que respiro
Do espirro...

Vendo o meu discurso...
Uma bagatela...
Ponho na tela de uma tv
Como um anúncio

Do fim, um prenúncio...
Vejo apocalipticamente
Um mar a engolir
Um pouco de mim...
Tenta se matar...

Não creias demente!
De mente inteira...
Sou eira sem beira...
Sou luz, a centelha
Que irá te salvar!

Nem acredite nesta bobagem...
É melhor crer no disco...
Que disco que nada...
Agora é mais chique:
No Cd voador!

Danilo Cândido.

O lamento.

Dou-lhe...os mais improváveis poemas de amor
Ante a dor que o persegue
Que este me leve...tão leve e solto
Tão d’outro e não meu...
Dos teus olhos brilhando
Vejo os meus quase lá...
Parece tu, um espelho de mim...
Caímos numa igualdade tamanha...
É manha...de quem se diz amar
É o mar que não quer me afogar...
É burrice, mal costume...

Não passa de inverdade isto...
Renitente, insisto
E tu também...
Reticente eu minto,
Pro nosso bem...

Bem?Mas que bem?

Conversa inútil
Que soa fútil
Aos meus ouvidos...

É tudo uma forma de ilusão
Fugir do não...
Culpar o outro...

Dou-me ao tormento...
O meu lamento
Que escrevo aqui
Num ato sem nota
Num beijo entre a porta
Igual despedida. . .


Danilo Cândido.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Luzerna

Toda avareza deste meu decurso
Na forma da voz
Como num discurso

Palma das mãos
Dedos à tecla...
Olho meu, um binóculo...

Ponteio meus “is”
Com pingos de chuva
Chovo nos dias ruins...

Meus fins, são infindos
Minha alegria é um rojão
Meu reclame é toda a hora
Que posso desenhar num poema...

Tema pode ser este...
Um romantismo comum
Mais um desalento
Um repúdio qualquer...

Venha em luzerna
Do fim da caverna
Pro começo de mim...

Danilo Cândido.

sábado, 17 de novembro de 2007

Morto.


Matar o tédio num tiro
Atirar o tédio à ponte

Me aponte por onde
Seguir devo eu
Inda não morreu
Mas pode matar.

Danilo Cândido.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Acaso

Da farsa tua e ilustre ela
Verso pra dar nota ao meu incauto pensar
Ar ao pulmão
Mão ao toque desta encruada música

Diga, pois, que o distante acaso
Haverá de ser meu mais belo poema.

Danilo Cândido.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Destino digital

Cantei sob os encantos
Quis um conto dos teus réis
Pra pagar a voz escassa
que eu clamara aos teus pés

tarde d’outra vida minha
dar-te-ei minha alforria
nesta forma em papel

Um credo e a cruz
O buraco e a luz do seu final
Um sorrir casual

Tudo, mas tudo me parece normal
Queria poder deletar um destino
E digita-lo outra vez.


Danilo Cândido.

Plasmando

Mão no vespeiro
Que a vespa me dói
Rato na cova do morto
Sapo nadando no poço
Água do fundo que bebo

Tateio a face do desconhecido
E não me importa saber do fato

Mãos à deriva, corpo à espera
Enxergo a vida por uma tela...

Tela de plasma!
Quem tem uma, parece estar salvo.

Danilo Cândido.

Filosofia barata!

Daquelas que a esquina está cheia
Aquela do copo, do bar
-meu amigo e companheiro!
Diz o bêbado à mesa...
-a vida?...a vida é isso pô...é isso...

Cada desconsolo
Se transforma...
E põe pra fora
Um filósofo de meia tigela.


Danilo Cândido.

domingo, 11 de novembro de 2007

Passos



D’outro, deste não.
Põe a dúvida no foco
Flashes e fotos a guardar
Enquadram beijos, gestos
Olhares...
Na eminência do fim
Caia de mim um suspiro
Um choro...
Cogito um gran finale
Versos e flores!
Mundaréu de cores
Alegria!

Depois tudo passa...
Mas algo deste
em mim ficará.


Danilo Cândido, domingo 11 de novembro.

Dulcíssima (à "anja-deusa-mor"...Du Domeneghetti)

Dulcíssima (à "anja-deusa-mor"...Du Domeneghetti)

Ela é dona...tão somente ela
Dos versos e de outras invenções

Ao amor sorridente
A alegria pungente
Poesia latente
Na palavra, no verbo
No gesto, na voz.

Parece uma menina,
Meus olhos cintilam ao ler
Tão doce, dulcíssima...
Sinto um açúcar na boca...

Trago aos braços,
De longe um abraço
Que a distância não há de conter

Dou-lhe a alma minha
Como quem padece
A transformo em prece
Pra rezar todo dia

Ela é um canto raro
É um pássaro
É um vôo

Que o vento há de levar
No ar-ventania

Sem tornar o verso meloso
Sem deixar cair em desuso
A ela agora
Minha inspiração...

Doce encanto-canção...
Sinto um toque nas mãos
Afago estas...
Com a simplicidade calorífica
De um aperto...

De perto embora nem tanto...
Cachos de anjo
Docinhos
Flores...

...tudo poderia se chamar Dulce.

Danilo Cândido.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Mãos que se dão sem nem se tocar.



Palavreando a mim mesmo
Dou-me a isto:

Sou da flor deste campo
Um pouco de amor
Um pouco de pranto
Que de tanto conter
Virou um encanto
Com ar de por que...

Empatamos na rotina
Não há sina neste caso
Nosso amor ainda rima
Não me inspiro por acaso...

Que este ensaio sirva
Pra dar nota aos dois.
Que o depois seja do ontem...
Ouça bem o que lhe imponho...

Sem deter-me a regra pura
Vou deixar vazar o verso...

Eu respiro, eu-reverso
Um protesto por você...

Largue o tempo agora,
Vamos!
Deixe ele de lado
Que do seu lado, tem eu....
Poema no ponto,
Ao próximo encontro...

Mãos que se dão, sem nem se tocar.


Danilo Cândido.

Escorbuto.

Por fora, o meu cismo.
que nem aforismo
irá frasear
ou dar nome a este ser.

Clivar corpo e alma
Num toque de calma
Que vai converter

Bandido em santinho
O anjo em demônio
O rock em samba.

Trata-se de propor
Versar sobre a dor
Que insisto em conter

Do meu raciocínio
Por vezes inútil
De minh’alma bruta
Que passo a talhar

Estou com escorbuto,
Sem vitamina...
Pela falta do’cê.


Danilo Cândido.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Deus capitalista.


Luz, incandescência
Poeira, fumaça
Arranha-céu.

Passo-compasso ligeiro
Pressa, prece...
Vela e favela
Corpo velado
Abandonado,
Indigente.

Monte de lixo...
Mendigo e doente
A desgraça
E a graça do espírito santo!

O futuro nas mãos de um deus
Deus que nos livre,
Que nos proteja...

Será que Bush é um deus?

Os subnormais merecem!
Merecem a fome e o desalento
Merecem um barraco de papel
Mas deus proverá!
Assim como o Banco Mundial.

Os infelizes sem posse
Merecem uma ajuda do governo

Os templos ostentam,
Mas guardam um deus,
Um deus capitalista.

Eu não ia dizer...mas fica entre nós,
Esse deus,
É a cara do papa,
E de um bispo protestante.