terça-feira, 18 de novembro de 2008

Estado de choque.



Um estandarte
Em homenagem ao pleno e ao difuso
Um pára-quedas
Em homenagem ao plano e extenso

Ao tenso...tensão 220 volts.
Depois do choque
Uma aspirina e um copo d’água,
Batidinhas de leve no rosto

E pronto.

Nasce um novo ser
Chocado,
Numa chocadeira.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Casa vazia.

Pós - triste noite:

Tudo era lembrança
No alcance dos meus olhos
Que aguavam horas a fio
Pingando gotas de uma saudade imediata

Banco ao centro
E a sala toda me dava consolo
O chinelo perto da porta,
Os pés descalçados
Assim como o espírito
Que me saltava do corpo
Numa tentativa desesperada de morte...

Mãos em frieza
Davam apoio ao rosto dolente
Nada acontecia
Um silêncio que doía
E doía ainda mais
Quando via a casa toda
Calada e vazia.

Valsa Brasileira


Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer

Chico Buarque de Hollanda.
imagem: "melancolia" - Edward Munch

domingo, 16 de novembro de 2008

Pontual

Tua alegria infundada
Se apercebe no afrouxar dos risonhos
Eu proponho, em primeira pessoa do singular
Que soltemos as hienas
Rir é pontual
Quando o assunto é tristeza.

Abaixo as instruções(!):O menu já vem pronto.

Fazer-se vão de desatinos
Cuspir o hino
Cantar bandeiras
Cear o almoço
Beber a chuva
Calçar a luva

Transcender em reação contrária
Tão arbitrária e não tão distante.

Par

O par...

De dois chinelos ao pé da Cama
De dois na cama em sono profundo
De dois ao fundo de uma canção.

Mão que tateia
Corpo mais corpo.

Pelo lado de dentro, sou fora.
Pelo afora do mundo
Sou isto.
Letra indisposta a ser clara...

Somos barco,
Navegando solto
Ar de afoito e pelos mares
Haveremos...
... de ser o mais suave bater de ondas

Dando sentido
Na absorção de uma série de “inhos”
Que guardam o preço da afeição

sábado, 15 de novembro de 2008

Júbilo.

.

Viva!
os desatinos
As dores
As dilacerações do amor – causa maior das mais ternas alegrias
E das mais duradouras tristezas!

A quem mereça lambuzar-se na merda!

Eu vou declamar ao mundo:

-Sim!Trago eu, a dor de qualquer um
Aquela de sentir-se em contorção
A mesma que lhe beira o chão
E faz cheirar a terra!

Súbito - eu,
Espírito cor e carne!
Encarnam de vermelho-sorridente
Pondo um ponto n’aflição!

Portanto e em reclame
Reconstrua o verso em mim ó deus...
Mas deus?Que deus que nada!
Eu mesmo invento aqui e crio
Na vanguarda do meu desalento
Um teor de felicidade e só...

passeio...

cá,
tão imenso...
vazio

cai linha abaixo do mar
ante a doçura do balancê
que dança o barco...

lá,
tão inerte
subvertem o ser
dando o ar de sua graça
num passeio mental

que lembram ondas...

indo e vindo, de onde, para quem...

fez-se...


fez-se em silêncio

um sentido por onde o

caminho é torto

um poço...de afogar coisas ruins
vão no sonoro tique-taque
que materializa a passagem

pseudo-vazio no meio da alma.

e então,

pedem as horas
um outro tempo.

e o tempo é demora
que agarra na dor
e a dor é senhora
que o respeito merece.

Havendo de perder-se das vistas da noite
a fim de ser clarão noutro dia.


"...before his first step, Hes off again."

Poema Triste


Lá se esconderá
A brisa com ar de passatempo
Correndo as folhas pelo vento
E eu no mar sozinho...

Navegas por onde afunda o barco
e o pé na lama se dana a ser do solo
O sal da maresia
Cai rosto abaixo
Na forma dolorida de uma lágrima

Supõe-se um fim
E na coincidência, eu desentendo tudo que me explicaram
Do amargo, mais amargo à boca
Aos olhos...
Ao espírito...

Cintila qualquer chance
Numa vontade que lembra outra vontade
Mas não existe...

Não se fala mais no assunto.

O ar amistoso de um depois...
Dá lugar ao vazio... e vaga só, como sendo o último dos infelizes.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

PC.

computa a dor - o PC quando vira instrumento de arte-desabafo
conectado
leva ao todo
pelo imaginário
um mundo de coisas...

por aí, contam cada história...

viro a tecla-confessa e redijo no virtual
como um desenho
e vai, se dana fio afora

num segundo, estou distante.

...Sem título.

Cá no meu silêncio - mudo -
tec tec tec!
é o som da vontade
de expor
de transparecer
de evidenciar

O EMARANHADO TODO, CAI DO ALTO PENSAMENTO AO SUBETRFÚGIO...


-Por ali!
-pela tangente!escapa, foge, corre!
-vai simbora homi

e outro silêncio vem dizer que é preciso expor
transparecer
evidenciar... antes que desapareça.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

fim.


Por fim...

um céu repleto:

mar de estrelas;
lua-centelha;
astro-cancela;

é a porta...
marte, vênus...
o escorpião que nunca enxergo.

Um céu repleto
célebre

me despeço
pensando...sem pensar em dar adeus.

Mar


Um tão sonoro mar
faz barulho pela concha

até o balanço do ir e vir
se ouve...
num chuáa
que enaltece o ouvinte,
com tal requinte
de um peixe-rei

trono d'areia ao oceano
nestoutro plano
finco mar d'idéias
imenso
azul
e sem fim...

Seis de novembro de dois mil e oito.