sexta-feira, 28 de setembro de 2007

VaGo

Tudo que tenho escrito parece vago
Parece...
Vou então nas reticências de meus pensamentos, esvaziando...
E o vazio é quem parece me escrever
Mas pensando bem, não é tão vago
Parece ser...parece
Mas não é
É que agora sou mais real do que antes
Esse “real” talvez seja oco
Esse oco talvez seja pouco
Pra comportar tanta coisa...
Por isso desapareço
Numa frase , num pedaço de idéia
Penso que poderia pensar com mais calma
Mas logo mudo de idéia e continuo ...

Do vago que parece cheio
Do cheio que parece meio
Do meio que arranco o fato
Do fato que vou transformar em poesia
Da poesia que me fará ser meu próprio ar
Deste lar não tão doce
E agora frio...
Tudo que tenho dito, parece vago
Parece... mas não é.

Danilo Cândido.neste setembro...

"Aforisma"

Origem: Wikipédia.

Aforismo (ou Aforisma) (do Latim aphorismu) é uma sentença que em poucas palavras se compreende princípio moral.

"Aforismo significa explicar o que é Aforismo em poucas palavras" - Tharley Mota



A vida é uma invenção, nasce do mal, do banal, da vontade, e depois ela mesmo se mata.

Danilo Cândido.

Serafim


Será fim,
Ou de mim recomeço?
Um tropeço
Que padece num sim tremulante
Um menino de olhos vermelhos
Que não é benjamim
Vem a mim quase estanque
Carregando seixos
Pra espalhar no jardim
A verdade é que isto é pretexto
Pro texto fugir do seu foco
Aqui queria em proclame
Dar nota ao fim, do Serafim
De olhos vermelhos
Que padeceu
Pobre ele morreu
Depois dum tropeço
Caiu trepidante ao chão
Sem expressão...
Espalhando de sangue os seixos
Do efêmero jardim.

Danilo Cândido, neste setembro...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

NADA.


Nada se mexe...
Nada.
Nada me deste...
Nada.
Me deste o olhar...
O ar me deste.
Mais nada.
Continua a não se mexer
Pra depois virar nada.
Se souber nadar,
Talvez do nada consiga se salvar.

Danilo Cândido.

Pensando em nada, só podia dar em nada.

Santo Homem.

Mais um pra vala comum
Quem sabe depois de morto
Eu vire um poeta...
Quem sabe depois do "pôr", antes do "vir"
Quem sabe de mim?
Pois eu que não sei.
Portanto, mais um na retumba
Do tombo, pra tumba ou pra vala comum
Eis meu auto-consenso:
Um homem só é santo
Se morto estiver
Enquanto ele vive, é apenas mais um.


Danilo Cândido.

sábado, 22 de setembro de 2007

A verdade do domingo

Eis portanto, pura e seca, a verdade do domingo
É tristemente melancólico
Traduz um tédio que quase me tem
É sério!
A noite então, é vazia e morta
Quem inventou este dia?
Quanto desencanto ao pobre domingo
Acho que nunca passou disto
Nem jamais deve ter amado.


Danilo Cândido...

As aventuras do Pato e sua Mania de ventania, em: O último ato(?)



O último, que entendo por ato, o tal ultimato
Entregam-lhe fatos, e deles tu fazes nascer mais uns mil...
Este, o tal último, me parece mais calmo e menos febril
Com cara de choro talvez, e a ansiedade de quem vai partir
...Partir? só se for o meu juízo de tanto se perder por entre os recortes...
Tenho a sorte de vos ter nas mãos, e ler
Tenho mais sorte ainda de saber sumir quando leio
Sou mesmo deste meio, dos doidos varridos, e quem varre?
-Os ventos.
Os ventos e essa tua mania de ventania.


Homenagem a um amigo distante...cearense cabeça de pato! hehe!

Danilo Cândido, setembro deste ano.

Ao meus montes de versos
Aos meus e aos teus tão dispersos ...
...Olhares!
Que buscam fugir...

Condição

Na condição de homem
Eu cumpro
Na condição de menino
Reclamo
Na condição de poeta
Declamo
Na condição de gente
Eu grito!

Há de haver
Ter de teremos
Ser de já somos

Verei nascer ou rebentar
Direi dizendo o que calar
Serei do mar, como o peixe é
Terei o peixe pra matar a fome
Qual é teu nome?
Qual é?

Tem de haver
Havemos de ter
Seremos quem somos

Sou mais um destes
Ou menos um
Que vai escrever pra desarmar
Que vai amar depois de ler
Depois pro mar, onde afogar
Indica liberdade!

Embora tarde pareça ser
Tarde jamais será
Inda mais se falando de mar
Que se deixa navegar por ele mesmo

Há de ter
Terá de existir
Nem que seja longe daqui
E a condição pra se deixar
É a mesma de todo poeta
Amar e amar...


Danilo Cândido.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007




MAIS UM PRA VALA COMUM, QUEM SABE DEPOIS DE MORTO EU VIRE UM POETA.

Saber


Sou eu quem?
Digo que sou nada mais que ninguém
Sou brisa, sou brasa
O próprio inferno!
A fulga e o medo de errar
O erro que me impede o acerto
Rima sem rima...
Amor sem poesia
Eu, quem sou?
Sou aquele palerma que tem o controle...
...mesmo que seja o remoto
Já não sou mais tão certo das coisas
Sou aquele indigente sem nome
A fome dele, também sou eu
Já não sou tão entusiasta
Perdi a força, busquei a farsa
A farsa.
Agora eu sei quem eu não sou.

Danilo Cândido, setembro de 2007.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Aleluia!



Sem o semblante dolorido não há quem consiga, e o paraíso ainda exige:

I.1/3 do que ganhas em dinheiro
II. Que grites vorazmente para louvar (a quem?), e caía no chão.
III. Que se exclua das coisas do mundo(como assim?)
IV. Que não use camisinha(xiii)

Conclusão: Se quer fugir do inferno, fuja antes do paraíso.

Danilo Cândido,2007.

Confesso.

Pode ser que a noite vaze
Tudo o que foi confesso
Pode ser que este verso
Ganhe ali outro disfarce
Pode ser que enquanto durmo
Eu desista deste mundo
Pode ser, e pode não...
Eis então,
Que vos digo
Na condição de puro amigo
Que não há mais relevância
Há tão somente a distância
Tão confinante quanto o presente
Tão esclarecida quanto demente
Que vai tomar-te o tempo das mãos
Como quem canta uma bela canção...
E fazem isso pra lhe distrair a alma
Com toda a calma
De quem sabe o que quer
Querem o fim, do próprio fim
E de mim
Querem apenas uma confissão.


DANILO CÂNDIDO, SETEMBRO DE 2007.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Escravo!




Cabeças emersas
Em banho maria...
Da luz ...
Do espírito
O “santo”?
Multidão uniforme
Esvaziando a consciência pensante
Sendo antes de mais nada um templo.
Não são mais gente!
-São servos de algum senhor!

sábado, 1 de setembro de 2007

Materna

Tão bela canção, que distante do tempo
Sorri mesmo triste uma inspiração
Canta o amor fervilhante
Do pobre homem amante
Que do cansaço arranca declarações
Pra depois vir em dor
De mão dadas
O amor, o mesmo fervil
Dilacera e retoma o tal homem, sozinho
A tombar nas beiradas de estradas sem rumo
Num vazio
- Que os anjos o protejam meu filho!
...e o amor se perdeu...


Danilo Cândido, agosto de 2007.

Inspiração




Quintana de bolso me inspira
Bandeira, o Manuel
O próprio branco morto do papel
Eu mesmo e os meus...
E passo a reescrever minha história de vida
Nas noites quase sem sono
No meu próprio abandono
Nas estrelas, no céu e na lua
E olhar pro teto,
Ou pisar num inseto
Ou correr deste incerto mundo real...
Tudo isso me inspira.

ESTAS HORAS...

Estas horas, que desaproximam
São locuções temporais
Quase rimam
Ante o silêncio
Sei que não quero deitar antes de tê-la nos olhos
Como um grão de areia...
Entre os outros milhões
De grãos...
Cada noite é um fim...
Neste fim quero eu findar
Perto da tua voz
E certo do teu amor.

Danilo Cândido.

A mim mesmo.

Eis me aqui em verso e disperso nas letras
E nas sombras do medo do lado de fora
Na demora do tempo e da hora
Que embora não vai
Eis me aqui neste insumo que dá poesia
Neste dia que quase já é
E penso que posso ser deus
Penso eu
Que posso criar
Uma solução, uma cura
Numa frase corrida
Numa rima desfeita
Num poema sem rumo
Num segundo de morte
E na sorte que tenho nas mãos.

Danilo Cândido.

Do mar

Do mar depois...
Quero uma gota
Que me fará sentir tão mar
Quanto o próprio
Enquanto navego na tua idéia
De liberdade
E na verdade que vem em ondas
Do mar depois quero um mergulho
Que desafogue o meu pesar
E me eleve o pensamento
No mar pretendo excetuar o meu discurso
No mais profundo esquecimento
Depois sonhar com um navio
Que guiará o meu percurso
Até as terras do além...
E do mar, depois...
...Quero uma gota.

Danilo Cândido.

Vinho

Vinho!Uma taça deste branco
Embebido em minha vontade
Que sinto longe
Tinto!Pra matar o juízo
E salvar meus delírios
Num balanço...de taça
E no sorriso em enigma, que disfarça
Depois do gole, toda sorte deves ter
Um brinde então
Ao meu pensamento quase embreagado
À uva, ao vento
E ao vinho que não bebi.

Danilo Cândido.

Eis o poeta!



O poeta!
Inventor e amante!
Que daqui anos-luz
Se reduz a uns versos
Pretérito mais-que-perfeito
Rarefeito e disperso
Quase um feito de perfeição
Um ato de contrição
Uma reza atenta e bem dita
O poeta!Tão ele e tão só
Só perde seu amor
Por aquele outro...
Que lhe traz inspiração.

Danilo Cândido