segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ondas

Minha idéia é ondulante
Nasce distante e cai aqui
Num quase encaracolar
De pensamentos e poemas

A gente da condução
O grito do transeunte
O papo lá na cantina
O canto no pé do ouvido
Unindo se faz a rima

Unindo a rima...

Eu espelhante
Meio ao entulho
A poética dos vícios literários

Minha idéia é circulante
Morre distante, longe daqui
Num mais-que-perfeito efeito
De tormento e anarquia...
...da cabeça pro papel.

Dan...etc.

Futurologia.

Se soubesses não negaria.

Meu reclame vem com um futuro
Tão obscuro quanto a própria obscuridade
Que venha tarde, mas que venha
Uma semi-verdade constante
Com base naquele distante
Que mal posso ver
Foco num mesmo instante
Cato um livro na estante
E ponho-me a ler

Leio eu nesta poeira
Sinto eu no cheiro-mofo

Isto aqui que chamam velho
é o real porvir
não a jovialidade astuta dos adolescentes
não a urgência dos jovens aos vinte e poucos!

O saber e a sapiência do sabido
aqui redundantes...
Está nos vinhos há tantos...
No pueril
No que ninguém dá nota
No velho!

No branco dos velhos cabelos
Num novelo de lã
Numa cadeira de balanço
Á beira da porta...

Dois pontos e isto

É bom que saibas...
Que o teu presente
É um velho dia.

Danilo Cândido.

Liberta

De fronte...apronte o verso
Por trás do veto do mundo todo.

Disseram pra pôr um peso à porta,
À porta eu pus um peso...
O vento pois, sem mais delongas,
Deu por aberta a porta...

Reporto o fato aos holofotes:
Passagem livre, senhoras e senhores!
Tudo está ao léu...
Moças sem véu,
Muito menos grinalda...
Fugiram todas do altar
Pela porta que o peso não segurou fechada.

Danilo Cândido.

Poeta.

Como se o tempo pudesse eu tocar...
...com os dedos a ler cada ponto,
Crio um conto e nele eu deito...
Passeio na condição de viajante
Poeta-viajante dos sonhos distantes...
Eu, sonho vão...
Mundo este,
Que destoa e atordoa meu empenho...
Mas o poeta nunca morre
Nunca.
Só dispersa...
Na mente, o juízo louco
De quem sente a vida
E a escreve...

Danilo Cândido.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

poemas.

Suponho poemas milimétricos
Perfeitos, digestos...
Que digam sob aforisma,
Que digam na cisma...

Que pasmem!

Consorcio almas
coleciono trechos ...
ponho em tudo, apetrechos...
eixos e deixas...
vou supor mais poemas...
e depois cair no sono.

Cândido, dan...

efêmero...

Suponho portanto, que gostas tu de ler o mundo por esta tela
Proponho ao pranto um lenço em papel...("sisso" ajudar)
Que na janela onde os braços descansam possa eu, cuidar da flôr que enfeita o vaso...
Deponho e declamo, como quem pode impressionar...se dizendo poeta...

afônico
atônito

Declaro aos fins indevidos
Que morrer quero eu... morrer de olhos n'aurora
Na tua demora, na minha...
Que não chega a hora
Que não chega...

Mas quando chegar, imponho um "sim eu te quero",
as flores, em buquê...
o nosso querer,
agora o choro, não pranto mais...
só o ar da graça
d'alegria evidente
do sorriso nos dentes

Dum final...feliz.

Danilo Cândido.

a-poética.

poética forma...
inexperiente e exausta
corredor d'invenções
linhas em paralelo
teto, sobre cabeças...
...mofando...

o desconsolo,
o absurdo,
a mansidão do bendito não...

tudo há de perder-se
num e noutro despercebimento
o poema,
abrigo fiel da tal poesia
eu, cabido
dou-me ao direito de ser tão poesia quanto...

Danilo.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Breve

Vou encenar o fim
Com ar de revolta
Vou dar a volta
Pelo outro lado.
Brevidade perdida
Ao caminho do meio
Perdeu-se?

Deveras o fim nascerá
do desprezo.

Em pequenas odes,
redigidas em papéis amarelados
Com cheiro de coisa velha.
Ergo o passo e firmo a pressa
No meio da lama
E na rapidez indissolúvel do ar que venta.

Estou breve,
Para não ser lido
como cúmplice do mal-feito.


Danilo Cândido.2007